Definitivamente, a música eletrônica já é parte do Carnaval de Salvador. Depois de conquistar o público alternativo com a já tradicional presença do DJ inglês Fatboy Slim - que pelo terceiro ano consecutivo puxou o bloco Skol D+ na madrugada do último dia de folia -, os beats ganharam a aprovação da grande massa, principalmente na passagem consagradora do holandês Tiësto, na última sexta-feira.
O estudante Eliel Pinheiro, de 18 anos, dançava com um grupo de mais oito amigos à frente das cordas do bloco Yes Club Bahia, puxado pelo DJ no circuito Barra-Ondina. Sem ter qualquer conhecimento prévio do gênero musical, ele se divertia. "Tá ótimo, acho que tem tudo a ver. O Carnaval é aberto a qualquer estilo".
O jovem, vindo do bairro de Tancredo Neves, não resistiu ao som do DJ holandês. "Ele passou, eu gostei e vim atrás", revelou, sem deixar nenhum segundo de dançar.
Dentro do bloco, diversos estrangeiros se juntaram aos baianos para curtir o estilo maximal - uma derivação do trance - do artista europeu, que parecia estarrecido com o próprio sucesso e a toda hora sorria para a multidão.
Mas quem se destacava no meio da massa vestida de laranja era o DJ e advogado baiano Lívio Pezzano, de 28 anos. Com uma bandeira com o nome de Tiësto, era só felicidade. "Vim para o bloco só por causa dele", declarou.
Para ele, a música eletrônica conquistou o povo graças à mistura das batidas com o espírito alegre. E ainda vê vantagens para os DJs locais com a participação de artistas do nível do holandês, considerado o segundo melhor do mundo. "A presença de um cara como Tiësto só ajuda os DJs baianos, acho que a tendência é ter mais espaço", afirmou.
Opinião compartilhada pelo DJ Martinez, 27 anos, que embalava o público do camarote Axé Beats, que tinha a proposta de juntar axé music e música eletrônica em um só espaço. Com iluminação especial e som potente, o DJ baiano embalava não só aqueles que estavam dentro da estrutura do camarote, como também o folião pipoca no intervalo entre os trios. "Se investirem na música eletrônica local fora do Carnaval, bomba", garante.
Ele enfatiza que a situação já melhorou para os DJs locais, mas a perspectiva é de melhorar ainda mais: "É preciso que os principais produtores da cidade, que ainda são voltados à axé music, invistam na área. Hoje quem bota fé na música eletrônica são pequenos produtores. Quem está à frente desse camarote mesmo é um grupo de Goiânia. Eles já conhecem a força da música eletrônica", opina.
Os camarotes realmente também se destacaram na folia de 2008 em relação ao apoio ao estilo. Além da estrutura do Axé Beats, que contava também com outra boate, o Camarote Salvador 2008 trouxe a dupla iraniana-americana Deep Dish e o holandês Martijn Tem Velden.
Já o bloco carcará.biz contou com a cantora Simone Sampaio e o grupo Double You com puxadores também na sexta-feira, no Circuito Dodô. Apesar do som um pouco mais conhecido do público, os artistas não chegaram a arrastar a multidão. O folião ainda entoou o coro de Please don't go, sucesso do grupo comandado pelo italiano Willam Narraine, mas a energia foi guardada para a noite de domingo com mais uma passagem alucinante de Fatboy Slim.
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